quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Não sei, mas desconfio

Sim, eu não sei, mas desconfio que às vezes não sou a melhor pessoa.
Sim, eu não sei, mas desconfio que por vezes também tenho um feitio nazi.
Sim, eu não sei, mas desconfio que tenho o “coração na boca” e, às vezes é uma porra! 
Nem sempre estou a duzentos, nem sempre tenho a resposta pronta, tão pouco a piada certa, às vezes mais vale estar calada, há horas e há dias…afinal sou de carne e osso. Nem sempre me apetece falar, até o silêncio, quando na companhia que julgamos ser a melhor, ou sem ela, sabe tão bem; não sei, mas desconfio que é assim.
Nem sempre consigo ter a segurança que desejava, também tenho medo que o céu me caia em cima.
Há alturas em que parece que ando com o menir às costas, apesar de estar convencida de ter caído dentro do caldeirão, lá está...não sei, mas desconfio.
Independentemente do ar plácido que repousa no meu rosto, não significa que por dentro, às vezes, também não rache.
Com toda a confiança e bastante certeza, desconfio que talvez seja pelo facto de não ter armaduras, apenas amor no coração. 

C.T

Livro dos Conselhos


Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
                     
                            

O'Children




We're happy, we're having fun
And the train ain't even left the station. 

domingo, 5 de junho de 2016

Love Like a Man



From de great: "I´m Going Home". 



Poema em Linha Recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Reunião de condomínio

Bem, parece que esta debandada chegou para ficar, deve ser do frio ou do aquecimento global, não sei! Mas de facto, sometimes it snows in April. 

Reacção à chegada do novo inquilino.